31.01.2020 | Três horas de viagem separam a capital da Jordânia da principal atração turística do país, a cidade perdida de Petra. Depois de um giro rápido pelos principais pontos de Amã e de um almoço delicioso, no meio da tarde caímos na estrada e por volta das 19h chegamos em Petra. Fomos muito bem recebidos pelo dono do nosso hotel (CleoPetra), que ficou super empolgado quando descobriu que éramos do sul do Brasil. Ele tem um grande amigo que mora em Floripa e é dono de um restaurante árabe por lá, o Falah Coffee Store. Quando estivermos no Brasil com certeza iremos provar. 😉 Depois de um chazinho e uma boa conversa, deixamos nossas coisas no quarto e logo saímos para jantar pelas redondezas. Antes das 22h já estávamos na cama, afinal o dia seguinte começaria cedinho, prometia lindas paisagens, mas também exigia muita disposição.
Antes de entrar nos detalhes da visita, um pouco sobre a história desse lugar magnífico. Petra foi construída por volta do século 3 a.C. pelos Nabatenos, povo local que cobrava impostos das diversas caravanas comerciais que atravessavam a região e, ao longo de vários séculos, esculpiu a cidade na pedra. Alguns séculos mais tarde (séculos 6-7 d.C), acredita-se que um terremoto tenha encoberto boa parte da cidade, deixando ela esquecida no tempo. Apenas no século 19 ela foi redescoberta pelo Ocidente, quando um viajante europeu se disfarçou de beduíno e conseguiu se infiltrar entre os locais.
Hoje, Petra figura como Patrimônio Mundial da UNESCO e uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Segundo alguns historiadores e arqueólogos, apenas 15% da cidade foi revelada e a maior parte ainda está por ser descoberta. 😱
Conforme combinado, às 6h da manhã já estávamos os quatro tomando café da manhã e pegando nossos lanches para o almoço. Antes mesmo das 7h da manhã (sob um frio de 1-2oC 🥶) já estávamos na entrada do Parque Arqueológico de Petra e assim pudemos começar o passeio com o parque ainda vazio. Muitos turistas vêm de excursões bate-volta que saem principalmente de Amã e Jerusalém e por volta das 9h da manhã o parque começa a ficar mais cheio. Apesar do inverno não ser o pico do turismo, começar as trilhas antes dos ônibus chegarem deixa o passeio ainda mais especial. 😉

No primeiro dia por Petra, exploramos a Main Trail (trilha principal) e mirantes de todos os ângulos para ver o Tesouro, que é a grande atração de Petra. Como o próprio nome sugere, a trilha parte pela entrada principal do parque e, no decorrer de seus 4km, passa pelas atrações mais conhecidas. Logo no primeiro quilômetro de caminhada passamos pelo Bab Al Siq e Obelisc Tomb. Bab significa portão de entrada em árabe e, se o portão era assim especial, mal podíamos esperar para caminhar pelo o que estava por vir. 😊



Alguns minutos depois adentramos no Siq, um estreito caminho de 1,2km cercado por paredões de pedra dos dois lados. Essa, pra mim, é a parte mais especial de toda a caminha em Petra, e olha que foram mais de 18km só no primeiro dia. Andar pelo Siq ainda no orvalho da manhã então, com poucas pessoas e podendo escutar a natureza, deixou tudo ainda mais especial! 😍





Depois desse quilômetro que é de tirar o fôlego, não pela dificuldade e sim pela paisagem, quando os paredões de pedra se abrem e o Siq termina, está o Tesouro. E parece mesmo uma miragem. Acredita-se que a estrutura tenha sido construída para servir de mausoléu a um rei nabateu no século 1 d.C. Mas o nome “O Tesouro” é mais recente – os beduínos teriam assim batizado o mausoléu quando descobriram o local. Eles acreditavam que uma urna de pedra instalada no alto do segundo andar escondesse um tesouro, mas hoje sabe-se que é apenas pedra maciça.





Outras lendas sugerem que um faraó egípcio teria escondido ali o seu tesouro ou até que piratas deixaram ali alguns itens roubados. Independentemente de como o nome tenha surgido e se algo valioso tenha sido lá escondido, esse lugar é mesmo um tesouro que os nabateus deixaram para nós. 😍 Para apreciá-lo com calma, subimos em uma pedra à direita do local de chegada e ali ficamos curtindo o momento aquecidos com um delicioso chá beduíno.





De volta à trilha principal, passamos pela Avenida das Fachadas, que são tumbas esculpidas em uma enorme montanha de pedra. Também passamos pelas Tumbas Reais, que levam esse nome pela suposta semelhança dessa fachada com a de um palácio romano. Ainda nesse trecho da trilha principal está o Teatro, em estilo romano, que teria capacidade para acomodar até 8.500 espectadores.









Nesse momento, desviamos da trilha principal e encaramos a Al-Khubtha trail, uma trilha que leva a um viewpoint especial. A trilha começa logo depois das Tumbas Reais e percorre cerca de 2km de muita subida, sempre com o visual incrível de Petra. E depois mais de 1h encarando os degraus veio a recompensa: uma vista incrível do Tesouro. Nos acomodamos na remota barraquinha beduína, abrimos a lancheira e almoçamos com essa vista incrível. Para colaborar, o beduíno que cuida do local solicita uma espécie de consumação mínima, mas nada abusivo. Pedimos um chá e um café (2 JOD cada) e assim finalizamos esse almoço especial! 😍











Depois do merecido descanso e de apreciar bem o Tesouro, era hora de encarar os degraus novamente para retomar a caminhada pela trilha principal. Após muita descida, passamos nas ruínas de uma Igreja Bizantina, pela Avenida das Colunas e também pelo Grande Templo, onde acredita-e que funcionava um grande centro comercial durante o período nabateu.



Com isso, cobrimos todos os pontos da Main Trail e era hora de dar meia volta e seguir em direção a entrada do parque. Mas ainda faltava mais um desvio, afinal tínhamos encarado pouca subida nesse dia – na verdade, era um teste para os novos integrantes da viagem. 😅😅😅 A última trilha do dia era curta, mas também de muita subida até o “High Place of Sacrifice”, onde se faziam os sacrifícios de animais como forma de oferenda a deuses pagãos. E a vista de Petra no final de tarde lá to alto é incrível!



Descemos os degraus pra mais uma vez retornar para a Main Trail e, agora sim, rumamos à saída do parque, que ainda estava a uns 2km de distância. Ainda bem que pelo nosso caminho estavam mais uma vez o Tesouro e o Siq, que nos fizeram esquecer o cansaço e curtir o passeio até o último minuto! Ao todo, naquele dia caminhamos uns 18 km, encarando muitas subidas, apavorando os visitantes! 😅 Cansados, saímos do parque antes das 18h e fomos direto jantar. Afinal, precisávamos de uma noite boa de sono para repor as energias porque no dia seguinte ainda teria bastante caminhada – e mais subida. 😬
O segundo dia em Petra foi dedicado à trilha do Monastério. Apesar desse ser o principal objetivo, o início dela é praticamente onde termina a Main Trail, que exploramos no dia anterior. Então, caminhamos mais uma vez pelo Siq, passamos pelo Tesouro e todos os pontos que não cansamos de admirar.
Ad-Dier trail, como é chamada a trilha que leva ao Monastério, tem cerca de 2km e mais de 800 degraus. Além das lindas paisagens, barraquinha beduínas nos distraem pelo caminho, vendendo artesanato, café, chá e comida local.


Ao final dos 800 degraus o que se vê é um café beduíno, mas basta caminhar um pouco e olhar pra trás para entender o que o café tem de melhor: a linda vista para o Monastério. Construído no início do século 2 d.C., sabe-se que o local era utilizado para encontros de assossiações religiosas, pois em seu interior encontram-se bancadas laterais e um altar encostado à parede posterior. Posteriormente, durante a ocupação bizantina, cruzes foram encravadas na parede posterior e, por conta disso, o local foi batizado de Monastério.



Ficamos no café observando a linda vista por um bom tempo e depois iniciamos a caminhada de volta. Ainda tínhamos mais 6km para andar até a entrada do parque e precisávamos seguir viagem. Por volta das 13h saímos de Petra, pois seguiríamos para o deserto de Wadi Rum no mesmo dia. Para quem tiver tempo, sugerimos ficar 2 dias inteiros e não um dia e meio como tivemos que fazer. Mas como todos estão em forma (inclusive os 60tões!), conseguimos ver tudo o que queríamos. 😅
Para não perder tempo, buscamos as malas no hotel, pegamos um shawarma (tradicional sanduíche árabe) para comer no caminho e caímos na estrada rumo a Wadi Rum, o deserto da Jordânia. Passava um pouco das 15h quando, depois de 2h de viagem, chegamos no nosso acampamento beduíno (Hasan Zawaideh Camp). Por conta do frio que faz por lá no inverno, optamos por uma versão um pouco melhorada dos tradicionais acampamentos beduínos, com água e ar condicionado quentes e assim garantimos um bom banho e uma boa noite de sono tranquila.
Deixamos as malas em nossas cabanas e logo saímos para o passeio de 4×4 no deserto. O deserto de Wadi Rum difere muitos dos demais pela cor da areia, que é mais avermelhada, e principalmente pelas grandes rochas que surgem da areia e quebram a paisagem. No caminho, paramos para admirar a paisagem, tomamos chá com os beduínos onde nos divertimos muito provando os lenços e, por fim, fomos até um ponto estrategicamente posicionado para admirar um momento único que é o pôr do sol no deserto! Instantes que ficam registrados nas fotos e principalmente na memória. 😍












Depois de um dia cheio, à noite tivemos como recompensa um jantar beduíno, com muita salada, legumes assados, molhos e o tradicional cordeiro assado debaixo da terra. Seguindo as tradições, a noite acabou na tenda com shisha e vinho (disfarçado de chá no copo de papel 😅). Os donos do nosso acampamento, assim como a maioria dos beduínos, eram muçulmanos e, portanto, não consomem bebida alcoólica. Então, para aqueles que levam, já que eles não vendem, eles sugerem que se consuma num copo que não seja transparente e assim todos saem (literalmente) felizes. 😁


Fomos dormir sob o lindo céu de estrelas do deserto e acordamos com a vista da imensidão de areia e as incríveis montanhas rochosas que brotam do chão. Devido a sua paisagem única, Wadi Rum já foi cenário vários filmes, entre eles “Lawrence da Arábia” e mais recentemente “Perdido em Marte”.


Depois de um delicioso e farto café da manhã beduíno, caímos na estrada novamente, dirigindo cerca de 4 horas até Amã. Compramos umas esfihas para comer no caminho, fomos até a locadora devolver o carro e seguimos para a principal aventura do dia: cruzar a fronteira da Jordânia para Israel, mas isso é tema para outro post. 😉

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