15.01.2020 | Depois de um dia em que voltamos no tempo através da visita às pirâmides de Giza e Saqqara, chegava a hora de seguir uma outra viagem. Com mais um belo pôr do sol sobre Queóps, Quéfren e Miquerinos, nos despedimos das pirâmides e seguimos para a estação de trem de Giza. Às 21:30h nosso trem partiu, pela frente tínhamos umas 12h de trem até Aswan, no sul do Eguto.
Sabendo que a viagem era longa, já fomos preparados com nossas marmitas para o jantar e café da manhã. Como escrevemos no post sobre a cidade do Cairo, optamos por ir num trem da Egyptian National Railways, utilizado pelos locais, ao invés de pagar o trem privado, que o assento vira cama. Compramos a primeira classe desse trem tradicional e ainda assim gastamos 1/5 do valor, sem falar que viajar com e como os locais é uma imersão cultural. Logo nos primeiro minutos de viagem quem virou atração turística fomos nós, ou melhor, o James. O cara que estava na nossa frente viu o ukulele e não sossegou até que ele tocasse uma música. A comunicação foi basicamente através ds gestos, mas nada que atrapalhasse a nossa diversão. 😅
Depois de uma noite sobre trilhos, a maior parte do tempo margeando o rio Nilo, por volta das 11h da manhã chegamos em Aswan. Saímos do trem e na frente da estação, um senhor contratado pela pousada já nos aguardava e nos levou até lá. Nossa hospedagem ficava um pouco afastada do centro da cidade, em uma vila núbia. Os núbios são um povo nativo que vive ao longo do Nilo na região entre o sul do Egito e o norte do Sudão e que habitam a região desde os tempos farônicos, há mais de 3 mil anos.
Do terraço da pousada tínhamos uma linda vista para o Nilo, num lugar super tranquilo e aconchegante. Aproveitamos que o amiente estava agradável e ficamos por ali durante todo o dia. Na pousada prepararam deliciosos pratos egípcios para almoçarmos à tarde e aproveitamos para fazer umas reservas e descansar. No fim do dia saímos para jantar e aproveitamos para caminhar um pouco pela vila. O dia seguinte começaria bem cedo, então logo voltamos para a pousada pra dormir.


Foram poucas hora de sono e por volta das 3:30 da manhã já despertamos, pois às 4h saía nosso passeio para visitar os templos de Abu Simbel. De Aswan até lá são cerca de três horas de estrada, então deu pra aproveitar e cochilar mais um pouco. Mas ao avistar os templos, não restam dúvidas de que essa noite mal dormida valeu à pena. 😃
Os dois templos foram construídos sob ordem do faraó Ramses II, um em homenagem a si mesmo e outro para sua esposa preferida, Nefertari. Os estudos apontam que a construção dos templos durou cerca de 20 anos, sendo finalizada por volta de 1260 a.C. Com o passar do tempo, os templos foram encobertos por areia e permaneceram escondidos durante séculos, sendo parte deles redescoberta em 1813 e todo o complexo finalmente revelado em 1817.



Apesar da grandeza já ser algo esperado das obras faraônicas, os templos de Abu Simbel impressionam a todos por terem sido escavados em rocha. A fachada do templo de Ramses II é composta por 4 estátuas de 20 metros de altura, que representam o faraó. Não menos surpreendente é a parte interna do templo. O salão hipostilo, o principal deles, é composto por oito estátuas enormes do Deus Osíris e todas as paredes internas do templo são cobertas de inscrições, muitas delas com as cores preservadas.










O templo dedicado à Nefertari é menor do que o de Ramsses II, mas nem por isso deixa de ser imponente. Sua fachada é composta por 6 estátuas de 10 metros de altura, 2 delas representam Nefertari e as outras 4, Ramses II. O interior do templo também é rico em detalhes e forrado de inscrições.



É intrigrante pensar como essas duas gigantes obras foram esculpidas em pedra há mais de 3 mil anos. Outro fato que desperta curiosidade é saber que esses templos foram na verdade construídos em outro local. Por conta da construção da barragem de Aswan, uma complexa operação liderada pela UNESCO, foi realizada entre os anos de 1964-68, afim de garantir que o templo não ficasse submerso. O templo teve que ser “recortado” em mais de 1000 partes e remontado posteriormente. Hoje ele está cerca de 65m acima e 200m distantes do local original. Vale a pena checar umas fotos da operação online. É impressionante! Ainda bem que deu tudo certo. 😅
Como Abu Simbel fica próximo à fronteira do Egito com o Sudão, uma região que já foi muito conflituosa, todos os tours saem de Aswan no mesmo horário e seguem em carreata, afim de garantir a segurança de todos. Por conta disso, os templos ficam bem movimentados entre 8h e 11h da manhã. Nossa sugestão, para quem tem tempo de dormir na cidade, é que se desloquem por conta própria até Abu Simbel. Pelo que vimos e também nos relatos de muitos blogs, a vigem com ônibus interurbano a partir de Aswan é super tranquila e, apesar da cidade ser pequena, ela conta com uma estrutura de hotéis e restaurantes. Dessa forma, é possível evitar os horários de pico e visitar os templos com mais calma. Para quem precisa de agilidade, o bate volta acaba sendo uma boa saída. Os templos estarão mais cheios, mas o que não vale é perder a visita. 😉
De volta a Aswan, pedimos para nos deixarem no centro da cidade. Paramos para almoçar e depois fomos curtir o sol às margens do Rio Nilo, caminhando pelo corniche.
Pra fechar o dia, visitamos o “obelisco inacabado”. Esse obelisco é tido como o maior obelisco antigo já descoberto e, por razões desconhecidas, nunca saiu da pedreira de onde estava sendo esculpido. É interessante ver as marcas na pedra e imaginar como o processo todo era desenvolvido… mais impressionante ainda é imaginar como eles eram transportados, muitas vezes centenas de quilômetros além da pedreira. 🤔



A ideia era também visitar o museu núbio, pois lemos vale muito a pena, mas como tínhamos madrugado o cansaço falou mais alto e decidimos voltar pra pousada. Assim também aproveitamos pra economizar. 😅 São tantos templos e museus no Egito, que é preciso selecionar.
Depois de um dia cheio, jantamos em um restaurante próximo, ao som ao vivo de música núbia, e assim fechamos nossa rápida passagem por Aswan. No dia seguinte seguiríamos viagem, dessas vez, navegando pelas águas do Nilo. 😃

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