08.01.2020 | Depois de passar noite adentro entre aeroportos e voo, no início da manhã de uma quarta-feira pousamos no Cairo. A capital do Egito nos recepcionou com um lindo nascer do sol, um indício de que esse seria um destino mais do que especial, inesquecível! Pegamos um Uber e fomos direto para o hotel, no centro da cidade. O hotel não tinha quarto disponível para um early check-in, mas nos ofereceram café da manhã e depois ficamos aguardando na recepção mesmo, aproveitando a internet para passar o tempo.
No início da tarde, finalmente pudemos entrar no nosso quarto, guardamos nossas coisas e saímos para almoçar. Fomos numa lanchonete local, onde provamos nosso primeiro sanduíche de falafel e shawarma de frango. E nessa refeição simples e bem tradicional, um almoço que custou menos de 7 dólares (os dois), já deu pra perceber que a comida seria um destaque no Egito. O país das pirâmides nos ganhou primeiro pelo estômago. 😋
Durante a tarde, caminhamos até a estação de trem principal para comprar os tickets que utilizaríamos nessa primeira semana pelo país. Pelo caminho, passamos por barraquinhas super locais que vendiam doces árabes e não pudemos resistir. 😁


Chegando na Ramsés Station, a principal estação de trem da cidade, fomos em busca das passagens de ida e volta para Alexandria e também do bilhete para o trem noturno de Cairo para Aswan. Os atendentes não falavam inglês e, para complicar, os números no Egito também são completamente diferentes dos nossos. 🙄 Mas fomos positivamente surpreendidos e, contrariando muitos relatos que lemos alertando sobre golpes, as pessoas da fila foram super prestativas. Primeiro, uma síria que vive no Egito nos ajudou com as passagens para Alexandria e um egípcio (Mostafa) acabou nos ajudando com a passagem para Aswan. O Mostafa foi tão gente boa que até pagou um café pra gente depois enquanto esperávamos o trem dele chegar. A gente queria pagar a conta para agradecer, mas não teve jeito… Combinamos de retribuir um dia no Brasil. 😉
Aqui vale deixar uma dica: quem quiser pegar o trem noturno do Cairo para Aswan ou Luxor, vá com o trem normal, da Egyptian Railways, que é utilizado também pelos locais. Ele não vira uma caminha como o turístico Sleeping Tain da ERNST, mas ainda assim é muito mais confortável que a classe econômica de um avião, por exemplo. Pegamos a primeira classe do trem comum, apenas pra garantir e ainda assim custou 1/5 do preço do Sleeping Train. Leve um lanche para garantir as 12h de viagem e pronto. 😉
Com a logística da semana definida e já descansados da viagem, no segundo dia pelo Cairo começamos a explorar as atrações da cidade. Pela manhã, fomos no museu Egípcio, um passeio imperdível. O museu é bem grande e, se você não quiser gastar com um guia, recomendamos pesquisar antes as principais obras a serem vistas. Aliás, essa é uma dica que vale para todos os museus e grandes atrações turísticas. 😏

Com a logística da semana definida e já descansados da viagem, no segundo dia pelo Cairo começamos a explorar as atrações da cidade. Pela manhã, fomos no museu Egípcio, um passeio imperdível. O museu é bem grande e, se você não quiser gastar com um guia, recomendamos pesquisar antes as principais obras a serem vistas. Aliás, essa é uma dica que vale para todos os museus e grandes atrações turísticas. 😏

Reserve ao menos três horas para conhecer o museu, que está dividido de acordo com as dinastias que reinaram no Egito entre os anos de 4000 a.C. até 500 d.C. Dentre as principais atrações estão a máscara funerária Tutankamon, com cerca de 10kg de ouro maciço e mais de 2 mil anos de história. A sala das múmias também é um dos destaques do museu. Com temperatura e umidade controladas, a sala abriga cerca de 10 múmias de reais, dentre elas a de Ramsés II, um dos principais faraós do Egito. Para visitar a sala, é preciso pagar uma taxa extra, mas na nossa opinião valeu à pena. Ficar cara a cara com as milenares múmias de faraós egípcios é algo incrível e o estado de conservação delas é impressionante. Infelizmente não são permitidas fotos nessa sala (e nem da do Tutankamon), então só estando lá pra conferir mesmo. 😉








Saímos do museu já passava das 14h e estávamos famintos, sem conseguir pensar em opções pro almoço. Só lembrávamos da deliciosa refeição que tivemos no dia anterior. 😅 Sendo assim, voltamos a lanchonete egípcia. Dessa vez provamos kofta e frango assado e mais uma vez saímos de lá felizes! Satisfeitos, aproveitamos que estávamos perto do nosso hotel e fomos descansar um pouco.
Por volta das 16h saímos novamente e fomos até o Khan Khalili Bazaar, o mercado mais famoso do Egito e de todo o Oriente Médio. Fundado no coração do Cairo Islâmico em 1382, o mercado é uma viagem no tempo nessa metrópole de quase 10 milhões de habitantes. Ao chegar na região do Bazaar, as cores, cheiros, sabores e todo o agito dos mercados árabes aguçam os nossos sentidos. Impossível não resgatar as lembranças dos souks do marrocos, primeiro país árabe que visitamos. Perambulamos pelas estreitas ruas do mercado, tomamos café turco e provamos uma deliciosa batata doce assada, preparada pelos ambulantes. Foram umas 3h explorando o mercado e saímos de lá já sabendo que o lugar merecia uma segunda visita – que bom que tínhamos reservado bastante tempo pra conhecer a cidade. 😊








No dia seguinte, uma sexta-feira, o trânsito e o barulho das buzinas tinham desaparecido. Esse é o principal dia de reza para os muçulmanos e o som que mais se escuta é o dos minaretes anunciando as rezas. As mesquitas ficam lotadas e os fiéis ocupam inclusive as calçadas.
No fim da manhã, visitamos a Citadela de Saladino, uma fortaleza construída no início do século XII afim de garantir proteção durante as cruzadas e que, posteriormente, tornou-se residência oficial de vários aos sultões egípcios durante cerca de 700 anos. Se à época da sua construção a escolha do local tinha como objetivo avistar de longe possíveis invasores, hoje sua localização lhe confere uma das vistas mais bonitas da cidade. Por estar situada numa parte mais alta do Cairo, proporciona uma linda vista da cidade e é possível até ver as pirâmides em um dia com boa visibilidade.
A fortaleza é Patrimônio Mundial declarado pela UNESCO e abriga quatro museus e três mesquitas, com destaque para a Mesquita de Muhammad Ali e a Mesquita de Muhammad Al-Nasir. Se for visitar, não esqueça de ir vestido com roupas que cubram os joelhos e os ombros. Além disso, tirar os sapatos também é necessário. Mas tudo vale a pena para apreciar de perto essas lindas obras arquitetônicas cheias de história. 😊











Depois de conhecer a Citadela, fomos explorar o Khan Khalili Bazaar novamente, mas dessa vez com um guia. Era um free walking tour, mas acabou virando um passeio exclusivo. 🙂 Antes de explorar a área de comércio, o guia nos incentivou a visitar a mesquita Al-Hussein, que fica na entrada do bazaar. A mesquita é um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos no Egito e foi construída em nome do neto do profeta Muhammad (ou Maomé), sendo que alguns muçulmanos acreditam que ele tenha sido enterrado ali. Além disso, sua localização central facilita o acesso. Somado a esses dois fatores, nós estávamos lá em uma sexta-feira, e como já falamos, é o principal dia de reza para os muçulmanos. Assim sendo, a mesquita estava lotada e visitá-la foi uma experiência muito interessante e completamente diferente.
Nós já sabíamos que mulheres e homens rezavam em áreas separadas, mas sempre visitamos as mesquitas em horários designados aos turistas em que não havia essa distinção. Ao entrar na Mesquita Al-Hussein, cheia de fiéis no principal dia de reza, finalmente pudemos vivenciar essas questões. Ali, mulheres e homens já entram por diferentes portões. Além dessa segregação ser algo intrigante, perceber quão menor é a área destinada às mulheres é chocante. Foi uma visita rápida, mas um momento de muito aprendizado. Estar com um local foi essencial!
Depois desse momento mais reflexivo, voltamos a atenção para o comércio do Bazaar e mais uma vez fomos tomados por toda a vibração do lugar. Como estávamos famintos, o guia nos levou a uma barraquinha tradicional e almoçamos um delicioso sanduíche marroquino. Depois ele nos guiou pelo labirinto de ruas estreitas, nos explicou a história das construções que ficam nessa parte antiga do Cairo e também entrou com a gente nas lojas de temperos e essências. Em outra loja, conhecemos mais sobre a produção das tradicionais luminárias feitas à mão a partir de diferentes metais e pedras. Mais uma vez, um passeio cheio de cor, aromas e muito sabor!









Nossa última parada no Khan Khalili Bazaar foi no El Fishawy, um tradicional café, fundado em 1773 que está localizado no coração do mercado. 247 anos já se passaram e a rotina por ali pouco mudou: os locais seguem se amontoando pelas mesas, compartilhando shishas e saboreando os deliciosos cafés, chás e comidas árabes. O novo componente são os turistas que ali tem a oportunidade de vivenciar esse momento tão peculiar e tradicional. Nós não pudíamos perder a oportunidade! James pediu sua shisha, tomamos chá, café e pra completar a experiência, eu (Gabi) fiz tatuagem de henna. Depois dessa deliciosa pausa, ainda precisávamos vivenciar mais uma experiência no bazaar: o momento da pechincha. Foi mais de uma hora negociando duas luminárias que compramos para nossos pais… o James saiu de lá exausto. Valorizem o presente! hehe 😅



Anoiteceu, a chuva caiu e a temperatura também diminuiu bastante no Cairo. Sim, no Egito faz frio (como é possível notar pelas nossas roupas) e isso foi algo que nos surpreendeu bastante – durante a noite a temperatura estava sempre abaixo dos 10ºC. Tivemos até que comprar uns casacos, ainda mais quando percebemos que nossos próximos destinos, Jordânia e Israel, teriam temperaturas ainda mais baixas.

E foi nessa noite fria e chuvosa, quando estávamos cansados de um dia de muito passeio, que recebemos uma mensagem de um amigo com dicas de restaurante. Gabriel, muito obrigada! A dica caiu como uma luva e naquela mesma noite já fomos conhecer o Taboula, um restaurante libanês. Que comida saborosa, um jantar digno de uma sexta-feira! Amigos, sigam o exemplo e mandem dicas, please!!! 😁
No sábado acordamos com calma, tomamos um bom café da manhã antes de fazer o checkout e depois seguimos para a estação de trem. Tinha chegado a hora de ver se os bilhetes que tínhamos comprado em nosso primeiro dia pelo Cairo iriam funcionar. E deu tudo certo! Depois de umas três horas de viagem chegamos em Alexandria.
Da estação de trem, pegamos um uber e fomos direto para o AirBnb. Aproveitamos que estávamos pertinho da praia e fomos curtir o fim de tarde pelo corniche, como é conhecida a beira-mar por aqui. À noite, saímos para jantar e, assim como foi no Cairo, Alexandria nos fisgou primeiro pelo estômago. Amantes da culinária mediterrânea, nos deliciamos em um jantar num restaurante local, com peixe fresco e molhos cheios de sabor. 😋


A comida mediterrânea é realmente deliciosa, mas o que nos levou a Alexandria foi sua emblemática biblioteca. Então, na manhã seguinte já fomos conhecê-la. Antes de ir, não deixe de acessar o site e verificar os horários do tour guiado, que está incluso no valor do ingresso. Na Biblioteca de Alexandria, 2 mil leitores podem desfrutar do espaço simultaneamente! É a maior área destinada a leitura no mundo. Suas estantes tem capacidade para abrigar até 5 milhões de exemplares (hoje são “apenas” 2 milhões). 😱
A arquitetura da biblioteca é linda e super moderna, mas a inspiração para construí-la vem de mais de 2 mil anos de história. Acredita-se que a biblioteca já tenha sido situada em outros dois locais da cidade, antes dessa nova sede ser inaugurada em 2002. Criada inicialmente no século III a.C., o local teria surgido para sediar uma instituição de pesquisa com o objetivo de aprofundar e difundir a cultura helenística, na época em que o Egito foi dominado por Alexandre, o Grande (aliás, o nome Alexandria é em homenagem a esse grande conquistador). Aos poucos, o tamanho da biblioteca e sua relevância foram aumentado. Alexandria foi tida por muito tempo como a capital do conhecimento e vários estudiosos passaram por lá. Na Biblioteca, por exemplo, teriam sido feitos os primeiros cálculos do tamanho da circunferência da Terra, além do primeiro registro de utilização da ordem alfabética como método de organização de obras literárias. A biblioteca entrou em declínio durante o domínio romano e desapareceu totalmente nos primeiros entre os séculos III e IV d.C.
Como visitante, é interessante observar que a biblioteca não é apenas um ponto turístico, mas um verdadeiro centro de estudo e conhecimento. No dia que visitamos, vimos várias mesas cheias de estudantes e locais usufruindo desse espaço belíssimo e acolhedor para suas pesquisas. Além da biblioteca em si, a construção é um centro cultural com museus, planetário e um espaço pra conferência. Vale a pena a visita! 😊







Na saída, caminhamos um pouco pelo corniche e depois pegamos umas das vans que passam por ali afim de chegar no nosso próximo destino. As vans são um dos principais meios de transporte público em vários países que visitamos na África. A comunicação não é fácil, mas apontar a direção que se deseja ir ou falar o nome de um ponto importante que quer visitar, já é meio caminho andado pra saber se está pegando a “linha” certa. 😅
Com nossa van fomos em direção à cidadela de Alexandria, que fica em uma baía, onde também encontram-se vários restaurantes. Dessa vez, optamos por não pagar pra entrar na cidadela e ficamos só com a vista de fora, às margens do Mar Mediterrâneo, que já é bem bonita. Além disso, o principal motivo nos levou até lá eram os restaurantes à beira-mar. Fomos no white&blue, um restaurante grego delicioso! Como já falamos antes, adoramos a cozinha mediterrânea e saboreá-la à beira do mar mediterrâneo foi ainda mais gostoso.




No fim da tarde, tentamos ir ao Pompey’s Pillar (ou Coluna de Pompeu – ruínas de um templo romano), mas o lugar fechou antes do horário informado e acabamos só conseguindo ver o monumento por fora mesmo.
Depois disso, o dia acabou no shopping. A preguiça para fazer compras era grande, mas depois de seis meses na estrada só com uma mala de mão, algumas peças precisam ser renovadas para sobreviver ao frio do Egito… 😬 Exaustos depois das compras, jantamos no shopping mesmo e voltamos para o Airbnb só pra dormir.
Na segunda de manhã teve corridinha pelo corniche de Alexandria e depois já era hora de seguir viagem. Nosso trem para voltar ao Cairo partia ao meio dia e não podíamos correr o risco de perdê-lo, afinal, nessa segunda passagem pela capital egípcia iríamos finalmente conhecer as Pirâmides de Guiza. Mas essa atração é tão especial que merece um post inteiro dedicado a ela. 😉

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