Serengeti, Tarangire & Ngorongoro

18.11.2019 | Depois de cinco dias de muita praia, descanso e água salgada, no dia 18.11 nos despedimos de Zanzibar. Arusha era nosso próximo destino, de onde partiríamos para mais dias de safári. E a aventura começou já no deslocamento! Para chegar até lá, pegamos um voo de vinte minutos de Zanzibar até Dar el Salam, capital da Tanzânia, e em seguida voamos por mais uma hora e meia de Dar até Arusha. Os dois trechos foram feitos com um monomotor da Auric Air, que comportava apenas quinze passageiros. 😱 O James ficou praticamente no cangote do piloto… haha

Apesar do receio de voar num avião de porte tão pequeno e de uma cia aérea desconhecida para nós, o histórico da empresa era bom e o voo foi bem mais tranquilo que o esperado.

O portão de desembarque em Arusha era literalmente um portão de metal, onde nossas malas foram deixadas e logo encontramos uma pessoa do tour nos esperando. Nos levaram direto para o hotel onde fomos informados dos detalhes da programação dos próximos dias. Por lá mesmo jantamos e logo fomos dormir na expectativa dos dias de safáris em uma das regiões de natureza mais emblemáticas do mundo!

Inicialmente pensávamos em visitar o Serengeti por conta própria, como fizemos no Kruger (África do Sul) e no Etosha (Namíbia). Mas durante as pesquisas, percebemos que na Tanzânia não funciona dessa forma. Praticamente todos os visitantes contratam pacotes com empresas locais que organizam os acampamentos, guia / motorista, cozinheiro e os game drives, ou safáris.

Depois de muita pesquisa para encontrar uma empresa com boas avaliações e preços razoáveis (esse é um passeio bem caro!), fechamos com a Meru Slopes Tours & Safaris.  Nosso pacote incluía o transfer do aeroporto, hotel na noite que antecedeu e na noite posterior ao tour, além das outras quatro noites de passeio que falaremos a seguir.  

No primeiro dia, uma italiana e um francês se juntaram a nós. Saímos de Arusha às 10h da manhã e dirigimos durante uma hora e meia até chegarmos no Tarangire National Park. O lugar é conhecido especialmente pela quantidade de elefantes e das gigantes árvores baobás que se encontram por lá. Mas logo depois de entrarmos no parque, quem nos surpreendeu foi um lindo leopardo, que estava em cima de um baobá. E ele ainda deu show: desceu da árvore, subiu de novo, parecia estar se exibindo pra nós. 🐆😍

Continuamos o game pelo parque, cruzando com impalas, zebras, javalis, avestruzes, búfalos, babuínos e, claro, muitos baobás que faziam a paisagem ficar ainda mais especial. Por volta das 13h paramos para almoçar os sanduíches que já tinham preparado para nós – o pacote inclui todas as refeições. A área de piquenique era numa parte mais alta e de lá se tinha uma linda vista excepcional para o parque. Então, depois de comer, ficamos lá apreciando um pouco. De repente, escutamos os ‘gritos’ dos elefantes, que corriam para espantar três leões que tentavam se aproximar dos bebês do grupo. Os leões fugiram e os elefantes mostraram quem realmente é o rei da floresta. Demais! 😃

    

Logo depois do almoço, descemos até o local onde vimos toda aquela movimentação. Os elefantes já tinham se deslocado, mas os leões seguiam por lá, plenos, descansando embaixo das árvores depois da correria para fugirem dos elefantes. 

Continuamos dirigindo pelo parque na parte da tarde e entendemos porque os elefantes são a principal atração do Tarangire. Encontramos vários grupos com muitos elefantes e assim as expectativas que tínhamos para aquele dia foram mais que atendidas. Que a sorte para encontrar os animais siga ao nosso lado nos próximos dias. 😉

Conforme programado, às 15h saímos do parque e depois de duas horas de estrada chegamos no local onde passamos a primeira noite. Para nossa surpresa, tínhamos um quarto com banheiro, então aproveitamos para garantir um banho quentinho.

No dia seguinte, depois do café da manhã, nosso grupo foi reorganizado de acordo com o pacote de cada um. Dessa vez, seguimos em direção ao Serengeti na companhia de dois espanhóis (pai e filho) e um americano. No caminho, paramos para admirar a cratera do Ngorongoro do alto. Com uma área de 304km2, essa é uma das maiores crateras vulcânicas do mundo. Nosso último dia de safári será dentro da cratera e a expectativa é alta. Se a vista lá do alto é linda, observar a cratera e toda sua fauna lá de dentro promete ser ainda mais incrível!

Por volta das 14h finalmente chegamos no Serengeti, o Parque Nacional da Tanzânia. Fizemos uma pausa rápida na “picnic area” para almoçar e logo continuamos o passeio. Depois de alguns quilômetros rodados cruzamos com grandes manadas de búfalos e gnus que nos acompanharam por grande parte do trajeto, numa quantidade que impressiona, a perder de vista, e que não tínhamos presenciado até então.

O Serengeti é muito conhecido pela icônica cena da migração desses animais, um evento tão único que concedeu ao parque o título de Patrimônio Mundial da Humanidade.

A migração consiste em um único movimento circular que ocorre no decorrer de um ano. Nessa jornada, cerca de dois milhões de gnus (wildebeest), acompanhados de grandes grupos de zebras e outros herbívoros, deslocam-se pelo Serengeti, passando também pelo Masaai Mara no Quênia. O deslocamento é determinado pela disponibilidade de água e pasto fresco, fugindo do período de seca de cada local, e também pela busca do local ideal para a reprodução.

Entre os meses de junho e julho, os animais precisam atravessar o rio Grumeti para seguir em direção ao norte do parque, chegando até a reserva do Masaai Mara. Essa é uma das etapas cruciais da migração, pois ao cruzar o rio, muitos perdem a vida ao virarem prezas dos crocodilos que ali habitam. Mas é em setembro que acontece o momento mais icônico, a travessia do rio Mara, quando os gnus retomam a caminhada no sentido sul e precisam passar pelo rio para seguir da reserva Masaai, no Quênia, em direção ao Serengeti, na Tanzânia. Mais uma vez os crocodilos tornam-se temidos predadores e anualmente milhares de gnus perdem a vida para esses gigantes répteis ao longo desse ciclo. Caso nunca tenha visto, vale a dar uma olhada no Google / Youtube. É incrível!

Nós estivemos por lá em Novembro, então infelizmente não presenciamos as travessias. Mas rodar quilômetros na companhia dessa infinidade de animais é incrível. E agora entra pra lista de destinos futuros uma viagem a essa região no mês de setembro, para presenciarmos a grande travessia do rio Mara. 😉

Choveu muito na nossa primeira tarde e logo que chegamos no acampamento, nos abrigamos na área de refeições, o único lugar coberto. Por lá ficamos e aproveitamos para tomar um café enquanto esperávamos a chuva amenizar. Pra nossa surpresa, um grupo de elefantes passou ali pertinho. 🐘😍

Quando o temporal aliviou, montamos as barracas, mas decidimos pular o banho. Com tudo molhado, lama e frio, uma ducha gelada ficou fora de cogitação. 😬 Passamos o resto da tarde / início da noite conversando com as pessoas do grupo, jantamos e logo fomos dormir. Apesar da chuva, a barraca resistiu bem e tivemos uma noite relativamente tranquila. O que nos acordou foi a sinfonia das hienas que circulavam ao redor das barracas e do lixo, em busca de jantar. Não existem grades nas áreas de acampamento do Serengeti, então a qualquer momento os animais podem aparecer no acampamento. Ir ao banheiro no meio da noite é uma aventura. Eu (Gabi) tentei, mas no meio do caminho escutei um barulho e recuei. Procurei um cantinho mais perto das barracas e resolvi o problema ali mesmo… hahaha 😅

Na manhã seguinte, tomamos café cedinho e saímos para o um novo game drive. Logo no começo do passeio encontramos uma cheetah (ou guepardo), que ficava andando de um lado para o outro e parecia estar em busca de uma presa. Além disso, a barriga vazia era mais um indício de que nossa chance de ver uma caça era boa, então ficamos por lá um bom tempo, acompanhando a movimentação. Mas infelizmente a cheetah continuou faminta, e nós continuamos na vontade de ver uma cena dessas. 😩

Continuamos o passeio e encontramos girafas lindas, bem de pertinho… sempre especial! Passamos por muitos búfalos, hipopótamos e outros animais. Já no fim do game encontramos duas leoas que se refugiavam do sol, no alto de uma árvore. Depois de uma manhã bem produtiva, por volta do meio dia voltamos ao acampamento para almoçar, afinal não são só as leoas que precisam se abrigar do sol. Também aproveitamos o calor da tarde para encarar a ducha gelada.

No meio da tarde saímos para mais um game drive. As nuvens indicavam uma grande possibilidade de chuva, as quais espantaram os felinos. Por outro lado, o tempo nublado deixou o fim de tarde mais fresco, e assim finalmente vimos pela primeira vez hipopótamos fora da água. Já que muitos animais se escondiam da chuva, aproveitamos o momento para admirar as paisagens, os pássaros e toda a beleza da paisagem que muitas vezes passa despercebida quando o foco é encontrar os animais.

De volta ao acampamento, jantamos e logo fomos dormir, afinal, a programação do próximo dia começaria cedo, às 6h da manhã. No dia seguinte despartamos com esse lindo amanhecer, um prenúncio de que o dia seria especial. Enchemos nossa térmica com café, pegamos umas frutas e partimos para nosso último game no Serengeti.

Rodamos alguns minutos pelo parque e logo vimos duas cheetahs que novamente pareciam estar com fome. Dessa vez, além da barriga vazia, o horário era um bom indício de que uma caça estava na eminência de acontecer – ao longo dos safáris aprendemos que o início e o final do dia, quando a temperatura está mais amena, são os horários mais propícios para os animais irem a busca de alimento. Então, resolvemos parar e ficamos observando a movimentação deles.

Infelizmente, o voo de dois balões próximos acabou espantando as cheetahs. Segundo nosso guia, os animais estão acostumados com os carros – eles realmente parecem nos ignorar – mas ainda se incomodam bastante com o sobrevoo de balões, possivelmente pela frequência ser bem menor. As cheetahs então foram em busca de uma presa em outro lugar e nós continuamos o passeio pelo parque.

Pelo caminho, passamos por muitos animais, dentre eles, um grupo de leões que observava a movimentação da savana do alto de uma pedra. O Serengueti foi o parque que inspirou o filme Rei Leão e, ao ver uma cena dessas, é impossível não lembrar do nosso querido Simba! 🦁😍

Depois de dirigir pelo parque por cerca de duas horas, encontramos uma família de leões – mãe e dois filhos – que se alimentava da sua presa, um gnu. Quando chegamos, a refeição dos leões já estava acabando. Enquanto apenas um ainda comia, um grupo de umas vinte hienas o rodeava, só de olho nas sobras. 😱 A todo momento que o leão se afastava de sua presa, as hienas tentavam se aproximar, um balé que durou quase meia hora, até que finalmente os leões saíram de cena e as hienas começaram a brigar entre si pela carcaça do gnu. Foi muito legal presenciar toda essa ação na disputa pela comida. Além de termos nos divertido muito com o coro das hienas na tentativa de intimidar os leões. Um momento indescritível!!! 😃

No caminho de volta ao acampamento, quando pensávamos que nada mais ia nos surpreender naquele dia, encontramos uma leoa com seus dois filhotes, muito pequenos. EMOJI De acordo com nosso guia, eles tinham no máximo duas semanas, e pareciam mesmo inofensivos. A vontade era de levá-los para casa 😍😍😍

E os leões realmente estavam inspirados naquele dia. Ainda no caminho de volta, mais um grupo de uns cinco leões descansava de barriga cheia. A manhã de caça parecia ter sido bem produtiva.

Com essa manhã inesquecível de safári nos despedimos do Serengeti e seguimos rumo à cratera do Ngorongoro. Por lá, fomos recepcionados com esse lindo entardecer – e também com uma chuva torrencial que invadiu nossa barraca… hehe

Nossa última noite de acampamento foi na borda da cratera do Ngorongoro que, como falamos no início do post, é uma das maiores crateras vulcânicas do mundo, formada há cerca de 2 milhões de anos. O safári na cratera é especial porque numa área relativamente pequena, habitam uma variedade de espécies de animais, sendo um dos poucos lugares do mundo onde se pode facilmente ver os “Big 5” e muitos outros.

Mais uma vez madrugamos e por volta das 6h da manhã já estávamos no carro para descer até a cratera. Fizemos uma pausa para admirar a cratera lá do alto enquanto amanhecia – uma paisagem linda, que transmite muita calma. Ao adentrar a cratera, ainda sob o orvalho da manhã, a movimentação dos animais fez o clima esquentar. As hienas, que geralmente se alimentam de carcaça, precisaram agir em busca de alimento. Ficamos acompanhando a corrida delas atrás das zebras filhotes, enquanto as maiores tentavam defendê-las. Momentos de tensão, mas nos fim as zebras parecem ter saído ilesas. 😅

Realmente a cratera é pequena quando comparada aos parques nacionais e, assim, conseguimos encontrar todos os Big 5. Dentre eles, búfalos, leões e elefantes bem de pertinho, já o rinoceronte preto e o leopardo vimos mais de longe. Também passamos um tempo ao redor da linda “piscina” dos hipopótamos. Ao todo foram umas 3 horas dentro da cratera, momentos especiais, que nos fazem despedir da Tanzânia já pensando em voltar.

De volta ao acampamento, pegamos as malas de todos, almoçamos e partimos em direção a Arusha, onde chegamos já no fim da tarde e sob uma chuva torrencial. Depois de quatro noites acampando, aproveitamos bem o banho quente, jantamos e logo fomos dormir. Ou melhor, eu fui, e o James ficou assistindo seu Flamengo na final da Libertadores. Bom, pelo menos ele foi dormir feliz… 😃🔴⚫️🔴⚫️

No dia seguinte, no início da manhã, pegamos um ônibus rumo a Nairóbi, Quênia, onde uma nova aventura estava prestes a começar… 😉

Uma resposta para “Serengeti, Tarangire & Ngorongoro”.

  1. Avatar de Vera Nilse Cadore Piazza
    Vera Nilse Cadore Piazza

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