Jodhpur & Pushkar

12.03.2020 | Depois de uma manhã de passeio em Jaisalmer, no início da tarde pegamos um ônibus e seguimos do extremo oeste do Rajastão em direção à região central do estado. Após 4h de estrada, chegamos em Jodhpur, a segunda maior cidade do estado com cerca de 3,7 milhões de habitantes.

Logo ao desembarcar pegamos um Uber para ir até a nossa homestay – Geeta Mahal. Homestays são um tipo de hospedagem muito comum na Índia e, como a tradução literal do termo sugere, são quartos das casas das famílias que são disponibilizados aos turistas. Além de servir como acomodação, essa é uma ótima forma de testemunhar a rotina e os costumes dos locais, afinal você dorme, acorda e faz refeições na casa deles. Um prato cheio pra quem quer conhecer diferentes culturas. 😊 Na Geeta Mahal, como de costume, fomos recepcionados pelos donos da casa. Muito simpáticos, eles nos deram várias dicas sobre o que fazer na cidade e também onde comer.

Aproveitamos as recomendações e fomos logo conhecer o Sam’s Art Cafe, que tem um ambiente bem legal e comida deliciosa. Recomendamos! No café, haviam muitos viajantes e o assunto em todas as mesas era unânime: todos tentando entender o impacto do tal do COVID nos planos de viagem. 😬 O governo indiano tinha recém anunciado que a partir do dia seguinte, 13/03, todos os vistos estariam suspensos o que, na prática, significava o fechamento das fronteiras, impedindo a entrada de turistas no país. A princípio, para aqueles que já estavam no país, essa medida teria um impacto até positivo nos planos de viagem pela Índia, nos dando segurança para circular pelo país, que aparentemente ficaria “livre” do vírus. Cansados depois de um longo dia de passeio e viagem, logo voltamos para a homestay para um bom banho e fomos dormir.

Infelizmente, a noite acabou sendo um pouco conturbada… Como acontece com muitos viajantes, o James não saiu ileso da Índia e acabou sofrendo com a famosa “Delhi Belly”, como é popularmente conhecida a dor de barriga que acomete muitos viajantes na Índia. Depois de uma noite agitada o James acordou bem cansado e fraco, então saí sozinha para tomar café da manhã e ele aproveitou para ficar deitado se recuperando. Fui ao Namaste Cafe. Localizado em um terraço, o café tem uma vista bonita da cidade e comida boa e barata. Além disso, rodeado pelas casas azuis e com a vista do forte ao fundo, dali pude entender porque Jodhpur também é conhecida como cidade azul. Passei um tempo ali, curtindo a vista e antes de voltar para a homestay, comprei umas bolachas de água e sal e isotônicos para o café da manhã do enfermo hehehe. 🤒

Passamos o resto da manhã no quarto e assim o James recuperou um pouco a energia. No início da tarde, saímos para almoçar e passear pela cidade. A primeira parada foi no centrinho da cidade velha, onde está a Ghanta Gar, a famosa torre do relógio, e o Sardar Market, mercado local que deixa a região vibrante e movimentada. Por ali também aproveitei para ir à lanchonete do Shri Mishrilal Hotel e tomar o famoso Makhaniya Lassi. O Makhaniya Lassi é uma versão diferenciada do lassi indiano. Assim como o tradicional, também tem como base uma batida de água ou leite, iogurte e fruta. Seu diferencial é o tempero de especiarias que recebe. Um pouco pesado pra mim e o tempero de açafrão, na minha opinião, também não combinou muito, mas é preciso provar pra saber, não é mesmo?! 😋

No caminho paramos no Toorji Ka Jhalra, o poço escalonado de Jodhpur. Construído em 1740, o Jodhpur Stepwell, como é popularmente conhecido, é apenas um dos muitos poços construídos na região. Essas construções eram uma tradição da época e tinham como principal objetivo armazenar água. Hoje o local serve como piscina pública para a população e a limpeza da água até impressiona. A graça do passeio é sentar por ali e ficar obervando a movimentação da população local, vendo as crianças pularem e se refrescarem na piscina. 😊

Depois de umas horinhas passeando o James já ficou cansado, então reabasteci o estoque de bolachas de água e sal e isotônicos e ele ficou o resto do dia no quarto se recompondo. Enquanto isso, saí para encontrar um casal de viajantes brasileiros que conhecia pelo Instagram (@casaldemochilao) e também estava em Jodhpur. Nos encontramos no fim da tarde e caminhamos até um ponto mais alto da cidade, próximo ao forte, para e ver o pôr do sol e depois fomos jantar. Lari e Charles, foi muito bom conhecer vocês, muito obrigada pela companhia bem no dia em que meu parceiro de viagem estava debilitado… hehehe 😅

O James acordou bem melhor no sábado e decidimos aproveitar o dia para conhecer a principal atração da cidade: o Mehrangarh Fort. Contruído no séc. XV, esse é um dos maiores fortes do Rajastão, uma estrutura grandiosa que foi a sede do clã de Rathores, que dominou a região durante 5 séculos (XV – XX), até a integração da Índia em 1949. Vários palácios foram construídos no interior da muralha no decorrer desses 500 anos e assim as estruturas refletem influências e elementos de diferentes épocas, conferindo-lhe um charme único.

Ainda dentro da estrutura do forte, estão localizados alguns memoriais e templos, sendo o Chamunda Mataji o principal deles, que ainda hoje recebe muitos devotos. Como a maioria das fortalezas, o forte fica numa posição mais alta, 125 metros acima do restante da cidade, o que garante uma linda vista da cidade. Lá do alto fica ainda mais evidente o porquê de Jodhpur ser conhecida como a cidade azul… 🤩

Depois da visita ao forte retornamos à parte baixa da cidade para encontrarmos a Lari e o Charles para almoçar. Aproveitamos para conversar sobre as possibilidades de viagem, analisando quais países seriam boas opções para nos resguardarmos durante o período de pandemia, que até então não imaginaríamos que seria tão longa… Eles estavam praticamente decididos a ir para a Tailândia e essa também nos pareceu uma boa opção. Brasileiros não precisam de visto e podem ficar até 3 meses no país. Além disso, sabíamos que a estrutura hospitalar da Tailândia era muito boa, principalmente para aqueles com acesso à rede privada. Por fim, se isolar em uma ilha tailandesa com praias paradisíacas é sempre uma boa ideia. 😎

Durante a tarde ficamos na homestay descansando e nos abrigando do calor. À noite voltamos ao Namaste Café para jantar e encontrar com a Lari e o Charles novamente. Além de seguir com a conversa sobre os planos de viagem em meio a pandemia, também apresentamos a eles o Monopoly Deal (Banco Imobiliário de baralho) e ficamos jogando até o restaurante fechar, hehehe

Na manhã seguinte aproveitamos para visitar mais uma atração de Jodhpur: o Jaswant Thada. O cenotáfio (espécie de memorial aos mortos) foi constuído em 1899 pelo Maharaja Sardar Singh em homenagem ao pai, Maharaja Jaswant Singh. O mausoléu também está localizado em uma parte mais alta da cidade e de lá se pode avistar bem a grande muralha que a cerca.

No início da tarde pegamos o ônibus em direção a Pushkar e depois de 4h horas de viagem chegamos ao nosso destino. Saímos para jantar e logo fomos dormir. Na manhã de segunda-feira, saímos para nosso passeio de 1 dia pela pequena cidade. A primeira parada foi no Brahma Temple. Construído no séc XIV, esse é o único templo dedicado a Brahma, o deus-criador para os hindus, o que faz deste um local extremamente sagrado.

Seguimos o passeio caminhando pelo centrinho dessa cidade sagrada para os hindus e tida como um reduto hippie para os turistas estrangeiros. Seu prequeno centrinho é cercado de barracas com comércio local, cafés e muita cor. Mas ao contrário da maioria das cidades na Índia, por aqui tudo funciona de forma mais tranquila e silenciosa, um ótimo destino para relaxar. 😊

Assim como Mecca para os muçulmanos, Pushkar é o destino sagrado para o qual os hindus fazem peregrinação. Além de visitar o templo de Brahma, o Lago de Pushkar é uma parada obrigatória para os devotos. Sua importância religosa está relacionada ao episódio em que Brahma, o Deus Criador, teria matado o demônio Vajranabha. Naquele momento a divina flor de Lotus caiu de sua mão e teria se partido em três partes, formando três lagos, todos em Pushkar, sendo o Pushkar Lake ou Jyeshta Lake, o principal deles.

Não só o lago, mas a área ao seu redor também é tão sagrada que, para caminhar por ali é preciso tirar o calçado, assim como se faz ao visitar os templos. Devotos tomam banho no lago, acreditando na purificação, cura e absolvição. Por essas e outras, fotos não são muito bem vindas por ali. Uma curiosidade que enfatiza a importância do lago para os hindus é que cinzas de Gandhi foram ali depositadas. 😱

No início da tarde fomos visitar o Templo Savitri Mata, que fica localizado no alto de um morro de onde se tem uma linda vista da cidade e do lago. Para chegar até lá, é possível fazer uma trilha ou pegar um teleférico. A trilha é curta, cerca de 1km, mas o sol forte nos fez optar pelo teleférico. O cable car não é dos mais modernos, mas estava tudo bem organizado e acabou sendo uma passeio bem legal. Lá no alto, além da vista da cidade, os macacos viraram atração. Os animais, muito espertos, não perdiam a oportunidade de pegar as oferendas, quando percebiam que os fiéis estavam distraídos. 😅

Por fim, fomos ao Laura’s Caffé para almoçar. A comida por lá é deliciosa e da varanda se tem uma vista bem legal do lago sagrado. Assim fechamos nossa rápida passagem por Pushkar. Apesar de termos visitado os principais pontos da cidade, sentimos que seria legal ter ficado ao menos mais uma noite por lá, para curtir bem o clima da cidade hippie do Rajastão. Depois do almoço, passamos no hotel para buscar nossas coisas e seguimos direto para o local de partida do nosso ônibus, rumo a Jaipur, nossa última parada no Rajastão.

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