09.03.2020 | Depois de passar uma tarde toda de molho na terraça do nosso hotel em Udaipur, fomos até o ponto de embarque para pegar mais um ônibus noturno. Chegando lá, o atendente nos disse que aquele ônibus não sairia naquela noite e que teríamos que ir no dia seguinte. 🙄 O problema é que, por conta do Holi (ver post anterior), tínhamos estendido nossa estada em Udaipur e encurtado de 2 para 1 o número de noites em Jaisalmer. Em resumo, não faria sentido enfrentar quase 12 horas de ônibus para sequer dormir por lá. Enfim, depois de muita discussão e negociação, o atendente disse que conseguiria encaixar a gente em um ônibus de outra empresa. Tivemos que pagar uma nova passagem, mas conseguimos embarcar logo depois. 😅
Aliás, vale deixar registrado o ótimo suporte da empresa RedBus, que é uma plataforma de venda de passagens de ônibus de terceiros na Índia. Posteriormente, fizemos uma reclamação e eles me reembolsaram 100% do valor da passagem original. 👏
Chegamos em Jaisalmer na quarta pela manhã e fomos direto para a nossa pousada, Shanti Home, que era uma delícia. O local, apesar de simples, tinha uma terraça super agradável com vista para o Forte de Jaisalmer, a principal atração da cidade.
Jaisalmer foi mais uma dessas cidades totalmente desconhecidas para nós e que acabou entrando na nossa programação recomendação de outros viajantes. Apesar de ficar no Rajastão, esse destino não costuma entrar nos roteiros convencionais por ser um pouco mais afastado das famosas Udaipur, Jodhpur e Jaipur.
Jaisalmer é um antigo centro de comércio fundado no século 12 em torno de uma edificação conhecida como o Forte de Jaisalmer. Outra carcterística marcante daqui são as edificações, feitas substâncialmente de arenito. A rocha de tons amarelado / douradado predomina na paisagem da cidade e, junto com o deserto, fazem com que Jaisalmer seja conhecida como a cidade dourada. 🤩
Tínhamos um total de 1,5 dia em Jaisalmer e então focamos nas atrações principais. Quando saímos da pousada, a cidade ainda amanhecia preguiçosa depois das celebrações da noite anterior e os resquícios do Holi estavam por toda a parte, inclusive nos animais. 😬😅




O primeiro destino foi o Forte de Jailsamer, onde passamos algumas horas explorando suas ruelas e vistas privilegiadas. O Forte, que tem 5km de circunferência e 90 bastiões, chama a atenção pelo tamanho, pela posição privilegiada e por até hoje abrigar moradores dentro de suas muralhas. Os labirintos de ruas nos lembraram nossas andanças pelas medinas marroquinas. 😊









Existem vários restaurantes espalhados pelo forte, mas ao fim do nosso passeio por lá ainda estávamos com pouca fome. Então optamos por ir Kuku Coffee Shop, um café bem avaliado e com uma vista bem legal da cidade. Para quem quiser um almoço mais leve ou apenas tomar um café durante o passeio pelo forte, esse é mesmo o lugar ideal. Ficamos por ali um tempo, curtindo o visual e depois voltamos para a pousada para descansar.


No final da tarde, fomos até o Gadisar Lake, um lago próximo que oferece lindas paisagens no pôr do sol. Por recomendação do dono da pousada, na volta paramos em um show de marionetes tradicional da cidade. O show não foi lá essas coisas, mas digamos que valeu pela experiência. Sempre ficamos felizes em participar de atrações que mostram a cultura local. 😊


À noite, saímos para jantar e explorar a cidade iluminada. Fomos em um restaurante bem gostoso com vista para o forte chamado The Trio. Comemos um “chicken tandoori”, típico frango marinado indiano assado em um forno de barro. A comida estava tão boa que esquecemos de tirar fotos. 😅
No dia seguinte, tínhamos mais algumas horas antes de partir e pegamos um tuktuk para otimizar o tempo. Fomos primeiro até um local chamado Bada Bagh, onda estão dezenas de cenotáfios, que são uma espécie de mausoléu / memorial fúnebre em homenagem a uma pessoa que não está enterrada ali. Os cenotáfios de Bada Bagh são em homenagem aos reis, rainhas, príncipes e outros membros da família real do estado de Jaisalmer desde o séculos 18 até à independência indiana. O local é icônico e rende ótimas fotos.








Enquanto estávamos visitando o local, a Gabi recebeu uma ligação e começou a falar em inglês. Não entendi muito bem o que tava acontecendo, mas percebi que ela estava preocupada. Assim que desligou, ela explicou que era o Girish, nosso amigo indiano que encontramos em Bangalore e estava agora na Holanda. Ele estava preocupado porque um um inspetor de saúde indiano havia aparecido na casa dos pais dele perguntando se tinham tido contato conosco, pois talvez teriam que colocar a família dele em quarentena por conta da ameaça de COVID (até aquele momento a Índia tinha pouquíssimos casos e nenhuma morte sequer). 😳
Na hora não entendemos nada, mas depois de alguns minutos a ficha caiu. Eu (James) tinha entrado na Índia com meu passaporte italiano e a Itália estava entrando em um momento crítico da crise de COVID. Além disso, tínhamos dado o endereço dos pais do Girish como referência no preenchimento do formulário do visto (é mandatório registrar o endereço de um contato indiano e o Girish sugeriu colocar o endereço da família dele). Com isso, estavam rastreando todas as pessoas que poderiam ter passado pelo país para isolar e evitar um surto na Índia.
Porém, apesar de ter o passaporte italiano a última vez que eu tinha estado no país foi em out/19. Depois de esclarecer isso com o Girish, ele acionou o inspetor de saúde e explicou a situação. O inspetor fez contato comigo via WhatsApp e, depois de algumas perguntas, nos liberou para seguir viagem. Apesar do susto, ficamos positivamente surpresos pela eficiência do controle. A Índia, durante muito tempo, conteve a propagação do vírus e, apesar de hoje (out/20) já ter um grande número de casos, ainda apresenta índices per capita muito inferiores ao Brasil e a diversos países desenvolvidos.
Para fechar o passeio rápido por Jaisalmer, fomos conhecer um dos vários Havelis (mansões) históricos que embelezam as ruelas da cidade, tanto dentro quanto fora do forte. O maior e mais emblemático é o Patwa Haveli, construído por uma família de um comerciante jainista. A fachada é toda em pedra trabalhada e o interior foi convertido em um museu. O terraço permite algumas das melhores vistas para o Forte de Jaisalmer. 🤩











Uma outra atração famosa da região é o deserto de Thar que oferece diversas opções de passeios de camelos e acampamentos pelas suas dunas. Como tínhamos pouco tempo e já havíamos explorado outros desertos na viagem, acabamos deixando esse de fora do nosso roteiro. Fica um motivo para voltar. 😁



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