24.02.2020 | A viagem de Munnar até Bangalore foi nossa primeira experiência em um sleeping bus (ônibus “dormitório”) na Índia, um meio muito utilizado por lá. Imagine os ônibus comuns que conhecemos, divida a altura dele em dois e, ao invés de bancos, distribua camas ao longo desses dois andares. Interessante neh? É verdade, a viagem parece ser até mais confortável que passar a noite dormindo sentado em um banco que mal reclina. Mas quando o trajeto envolve muitas curvas, você fica rolando pra lá e pra cá e não cair da cama (literalmente) pode ser um grande desafio, hehe. 😂 Aí ententemos porque essa ideia que parece ser genial não é tão disseminada no mundo – o quesito segurança acaba em segundo plano… 😬

Saímos de Munnar no fim da tarde de um domingo e foram no total 11 horas de viagem até Bangalore. Umas 3h com um microônibus e depois outras 8h no sleeping bus. Levamos nossa marmita e outros snacks, e assim garantimos a nossa janta. Outra dica importante é sempre ter em mãos papel higiênico ou lenço de papel, afinal lá eles costumam usar apenas água e baldinho. 😬 Depois de uma noite no ônibus, por volta das 5h da manhã desembarcamos em Bangalore, pegamos um tuktuk e fomos direto para o nosso hostel (The Hood Co-Living Hostel).
Ainda estava tudo escuro quando chegamos no hostel e ainda assim a porta estava aberta, apesar de não haver ninguém na recepção. Bangalore é uma cidade grande, 8,5 milhões habitantes, um dos pólos de tecnologia do país, mas mesmo assim a preocupação com segurança, que atormenta tanto nós brasileiros, não chega até as metrópoles daqui. 🤔 Entramos no hostel, deixamos nossas coisas num canto e saímos para procurar um lugar pra tomar café da manhã, enquanto esperávamos a recepção do hostel abrir.
De volta ao hostel, fizemos nosso check in, tomamos um bom banho e descansamos um pouco. No fim da manhã, saímos para almoçar e depois fomos tentar comprar um chip de celular, um tarefa bemmm difícil na Índia… 😅 Antes de ir, nos informamos sobre os documentos necessários (passaporte e visto eletrônico) e levamos tudo impresso para evitar problemas. Chegando na loja, a primeira reação do atendente foi perguntar sobre os documentos. Sem hesitar, entregamos a ele, que os olhou rapidamente e disse que precisava do nosso visto com foto. Como o nosso não tinha, explicamos que ali estava tudo que havíamos recebido da imigração. Mas o atendente insistiu nisso e o James começou a perder a paciência, pois realmente não tínhamos nenhum documento com foto. Ele chegou a nos mostrar alguns exemplos, mas todos eram de vistos de permanência de longo prazo, o que não era nosso caso. Depois de muita insistência, finalmente o convencemos fazer nosso cadastro.
Enquanto o cadastro era analisado, fomos tomar um café, achando que estava tudo certo. Mas na volta recebemos a notícia de que o mesmo havia sido rejeitado pela central. 😤 O James ficou indignado e queria que o atendente fizesse contato por telefone para esclarecer a nossa situação, mas ele disse que não era possível e simplesmente ignorou nossos pedidos. O James queria de todo jeito argumentar, mas o atendente estava nem aí e depois de quase 2 horas saímos da loja frustados. 🤦♂️ Nesse quesito, ponto pro Brasil hehehe 😅 E assim seguimos, sempre aprendendo com as vivências da viagem. James agora entende melhor que às vezes é melhor ser feliz do que ter razão hehehe.
Ter um chip é muito importante na Índia por conta do Uber, que é super barato. Dessa vez, a solução foi encontrar uma rede wi-fi para pedir um e, já no meio da tarde, finalmente começou o nosso passeio por Bangalore.
A primeira parada foi no Bangalore Palace, de 1878, uma das propriedades do Maharaja Jayachamaraja Wadiyar durante o então Reino de Mysore (mais informações a seguir). O palácio tem 35 cômodos distribuídos pelos mais de 4000 m2 e a construção é cercada por lindos jardins e uma vasta área verde de 454 hectares. A visita com áudio guia ajuda a entender melhor a vida dos Maharajas (nobres indianos) em um passado não tão distante.





Depois de visitar o palácio, paramos para um café da tarde ali nas redondezas e depois pegamos um Uber até a última parada do dia, o Templo ISKCON. A sigla ISKCON se refere a International Society for Krishna Consciousness, popularmente conhecida como Movimento Hare Krishna, uma vertente do hinduísmo tradicional. O templo de Bangalore é um dos maiores da comunidade ISKCON no mundo e notamos sua importância pela quantidade e devoção dos fiéis que estavam ali. Não se pode tirar foto da parte interna, mas é sempre uma experiência marcante vivenciar os diferentes rituais e costumes. Fica o registro em nossa memória. 😊





O templo está localizado na Colina Hare Krishna e de lá se tem uma vista privilegiada da cidade. Por acaso, nossa visita ao templo foi no fim do dia e assim fomos presenteados com um pôr do sol incrível!!


No segundo dia fizemos um bate volta até Mysore, que fica a uns 150km de distância, mas o passeio começou com frustração mais uma vez. Pedimos um Uber para ir do hostel até a estação de trem, mas o motorista demorou muito pra chegar. Já desacostumados a nos preocupar com o trânsito de uma metrópole, não pedimos com a antecedência necessária. Conclusão, perdemos o trem! 🤦♂️😅 Ao chegar na estação, avaliamos as possibilidades e decidimos comprar outro bilhete pro mesmo dia, mas com toda a confusão chegamos em Mysore só às 16h.



Desembarcamos na estação de trem de Mysore e fomos direto para o palácio, a principal atração da cidade. Mysore era a capital do reino de mesmo nome, que dominou a região do fim do século 14 até 1947, quando a Índia se tornou um único país independente após um período de colonização britânica que combinava domínio inglês com principados independentes (caso de Mysore). Após a independência, o então Império Britânico-Indiano foi dividido entre dois estados independentes, sendo eles o indiano, majoritariamente Hindu, e o paquistanês (que incluía Bangladesh), majoritariamente muçulmano.
Mysore também é conhecida como cidade dos palácios, pois ali há sete deles, sendo o “Mysore Palace” o principal deles. A construção é relativamente recente (1897 – 1912), pois o palácio original foi incendiado. Essa é uma das principais atrações da Índia depois do Taj Mahal, recebendo cerca de 6 milhões de visitantes ao ano. 😱 E apesar do exterior não chamar tanta atenção, o interior é de fato muito bonito e luxuoso. Valeu a visita mesmo com toda correria… 😅







Às 18h já saía nosso trem de volta a Bangalore, então só deu mesmo para conhecer essa atração da cidade. Mas enquanto caminhávamos até a estação, aproveitamos pra observar o cotidiano das pessoas no fim de um dia de trabalho, a movimentação nos mercados locais e nas lanchonetes; inclusive paramos em uma para garantir o lanche da viagem. Também presenciamos um lindo pôr do sol e assim fechamos nossa curta passagem por Mysore de maneira especial. 😊


Nosso último dia por Bangalore estava reservado para encontrarmos um amigo que conheci na Dow em 2012. Esse na verdade foi o principal motivo de termos incluído Bangalore no roteiro. O Girish atualmente mora na Holanda, mas por coincidência estava na Índia por alguns dias e tivemos sorte de conseguir encaixar a nossa programação. Um dos irmãos dele mora com a família em Bangalore e foi assim que a cidade se tornou nosso ponto de encontro.
Primeiro combinamos de visitar juntos o Bull Temple. Era para estarmos lá às 10:30h, porém mais uma vez subestimamos o trânsito e chegamos meia hora atrasados. 😬 Ainda bem que quem nos esperava era um indiano que morou em São Paulo por alguns anos, então de trânsito ele entende… 😅 Quando chegamos, lá estava o Girish nos esperando e, depois de uns 5 anos, finalmente nos reencontramos. 😃
Por conta do nosso atraso, a visita ao templo foi breve, mas ainda assim vale dizer que é muito interessante visitar esses lugares com alguém que conhece a religião e pode nos ensinar um pouco mais sobre o assunto. Depois, seguimos juntos para a casa da família do irmão do Girish, onde nos esperavam para o almoço.
Chegando lá, tivemos uma recepção muito calorosa. Muitos abraços, sorrisos, presentes e um verdadeiro banquete indiano. Aproveitamos para colocar o papo em dia, compartilhar sobre nossas experiências na viagem e na Índia e eles também nos contaram sobre a vida em Bangalore. Brincamos com as crianças, que estavam muito felizes por nos receberem, e curtimos muito a oportunidade de vivenciar a rotina de uma família indiana de forma tão autêntica e recebendo tanto carinho. Muito obrigada!!! Foi uma visita curta, mas muito especial!




Depois disso, ainda passamos rapidamente no museu de aviação que ficava ali por perto e o Girish também nos levou para caminhar em outra importante região de comércio da cidade. Por fim, paramos para tomar um chai indiano e chegou a hora de nos despedirmos. O Girish e a esposa (que estava visitando sua família e por isso não pode nos encontrar) pegariam o voo pra Holanda naquela noite e nós também seguiríamos viagem, dessa vez de trem, até Hampi. Girish, muito obrigada por tudo! Foi um encontro rápido, mas foi muito legal poder te rever e conhecer a tua família. Que o próximo reenconto não leve tantos anos.
* Ah, e por fim o Girish comprou os chips de celular pra gente. Nada como ter um amigo local nessas horas… 😁



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